Quero te contar como foi quando eu, sem querer, usei uma e como aprendi a não usar mais várias expressões racistas.
Esses dias eu estava conversando com a Lê sobre um cliente e falei - Porque fulano não pode fazer isso que vai denegrir sua imagem.. - Aí a Lê me interrompeu.
- Denegrir não, é outra palavra - Ela disse fazendo um "não" com o dedo e pensando em uma palavra para substituir - Você pode falar que ele vai difamar sua imagem...
- Não Lê, eu queria dizer manchar, sujar...
- Eu sei, mas denegrir significa “tornar negro”, como algo maldoso e ofensivo. Não é uma palavra legal, é pejorativa.
Eu parei e fiquei olhando para ela por uns 10 segundos. Eu realmente nunca tinha parado para pensar isso.
- Uou. Você me ensina tanto.
- É, mesmo é? - Ela disse rindo - É como a expressão "nas coxas" que vem do tempo da escravidão porque as escravas que faziam telhas apoiavam nas coxas para dar o formato, mas como cada uma tinha um porte físico elas não ficavam iguais, aí os telhados podiam ficar desnivelados. Por isso, quando alguém cumpre alguma tarefa sem capricho, sem primor, é dito que essa tarefa foi feita "nas coxas". É uma expressão com uma conotação racista e a gente nem percebe porque está naturalizado.
- Céus, é incrível né? São palavras e expressões que estamos acostumados a falar mas nunca pensamos nelas por esse lado...
Fim da história
Agora imagina, quantas mais palavras ou expressões não falamos com frequência e nem sabemos se está ofendendo alguém, se o termo está eticamente correto ou se estamos reproduzindo preconceitos?!
Claro que isso é de cada um e fala quem quer, no contexto que for, mas como trabalhamos com comunicação e presença online, é importante nos policiarmos para que nenhuma de nossas falas sejam racistas ou ofensivas (além de nossas atitudes, né?!).
Como fiquei intrigada com essa história, fui pesquisar mais expressões que estava acostumada a falar, mas que não são nada legais. Separei 5 para compartilhar com vocês hoje.
5 expressões racistas pra você não falar daqui pra frente
1. “A dar com pau”
Expressão originada nos navios negreiros. Muitos dos capturados preferiam morrer a serem escravizados e faziam greve de fome na travessia entre o continente africano e o Brasil. Para obrigá-los a se alimentar, um “pau de comer” foi criado para jogar angu, sopa e outras comidas pela boca.
2. “Meia tigela”
Os negros que trabalhavam à força nas minas de ouro nem sempre conseguiam alcançar suas “metas”. Quando isso acontecia, recebiam como punição apenas metade da tigela de comida e ganhavam o apelido de “meia tigela”, que hoje significa algo sem valor e medíocre.
3. “Mulata”
Na li?ngua espanhola, referia-se ao filhote macho do cruzamento de cavalo com jumenta ou de jumento com e?gua. A enorme carga pejorativa é ainda maior quando se diz “mulata tipo exportação”, reiterando a visão do corpo da mulher negra como mercadoria. A palavra remete à ideia de sedução, sensualidade.
4. “Cabelo ruim”
Fios “rebeldes”, “cabelo duro”, “carapinha”, “mafuá”, “piaçava” e outros tantos derivados depreciam o cabelo afro. Por vários séculos, causaram a negação do próprio corpo e a baixa autoestima entre as mulheres negras sem o “desejado” cabelo liso. Nem é preciso dizer o quanto as indústrias de cosméticos, muitas originárias de países europeus, se beneficiaram do padrão de beleza que excluía os negros.
5. “Inveja branca”
A ideia do branco como algo positivo é impregnada na expressão que reforça, ao mesmo tempo, a associação entre preto e comportamentos negativos.
Essas são só algumas expressões que peguei desse site aqui. Acho bem legal você tirar um tempinho só para ler o restante aí do link.
O mundo muda na mudança da mente
E antes de sair por aí se perguntando onde esse mundo vai chegar que você não pode falar um A e a galera já cria mimimi e...
Calma. Respira.
Agora aperta o play nesse podcast da Débora Alcântara sobre Associação de Imagem. Entenda que ao tomarmos certas atitudes, dizermos certas coisas ou até mesmo usarmos certas marcas, estamos carregando conosco a imagem que essas pessoas, coisas ou marcas passam pro mundo.
Então, como diria Gabriel O Pensador:
"Muda que quando a gente muda o mundo muda com a gente A gente muda o mundo na mudança da mente E quando a mente muda a gente anda pra frente E quando a gente manda ninguém manda na gente Na mudança de atitude não há mal que não se mude nem doença sem cura Na mudança de postura a gente fica mais seguro Na mudança do presente a gente molda o futuro." Trecho da música Até Quando?
Vamos comunicar à todxs com muito amor e carinho, tá?
*Observação importante:
* Esse post foi na verdade a newsletter que enviei essa semana para os leitores e clientes da Palombina. Como ela teve uma boa repercussão e as pessoas gostaram da forma que abordamos o tema das expressões racistas, resolvi deixar guardado aqui no blog também.
Mas se você quiser receber umas mensagens com informações desse tipo no seu e-mail, só clicar aqui e se cadastrar na nossa newsletter! Ah! E prometo que não vou te encher, tá? Mandamos só a cada 15 dias com dicas legais e um conteúdo bem gente como a gente. :)
*Esse texto foi originalmente publicado no meu blog pessoal.
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